Por Vinicius Medeiros.
uma coisa chata nesse mundo é a tal da “esquerda lacração”
e não, não to falando de militantes anti-opressão liberais ou de tendência liberal, que dissociam opressão de exploração capitalista
estou falando da esquerda que fala que “classe é mais importante” como se a classe fosse uma entidade abstrata e não se desse JUNTO (não é depois, nem antes) a marcadores sociais de opressão, como gênero, raça e sexualidade – pra nomear só alguns
e aí, quando você vai debater com eles usando o próprio método de análise que reivindicam – mas, obviamente, não seguem e nem aplicam -, te chamam de “identitário” e “lacrador”
o engraçado é que se “lacrador” designa quem faz análises com bases puramente sentimentais (que nem sacam direito o que significa isso) e sem absoluta perspectiva material de classe, ou seja, de posição ocupada na estrutura econômica, então são eles, esses que colocam o dedo em riste para nos acusar de “identitários”, que estão negando sua própria orientação teórica e política, praticando reducionismos idealistas que nada tem que ver com o método ao qual dizem se alinhar e subsumindo debates complexos a xingamentos e desqualificações do interlocutor
algo, eu diria, bem típico do quase espantalho político da lacração
no fundo, é uma galera reacionária e conservadora disfarçada de revolucionária, que lança mão de uma teoria capengamente compreendida pra justificar preconceitos e resistências morais que não conseguiriam expor de outra forma
mas hora ou outra os disfarces se desfazem
o real se encarrega de rasgá-los
Comentários
Uma resposta para “A tal da “esquerda lacração””
Mas nossa, isso é o sectarismo de sempre a má vontade pra debater. Aposto que a galera que fala isso ainda vive com a cabeça em 1917. Conheço vários, são os típicos que acham que tem que fazer uma revolução armada que se resolvem todas as opressões do mundo automaticamente. Eu só considero que alguém é identitário no sentido negativo do termo, quando coloca o seu próprio grupo na frente de todos os outros (como por exemplo as rads) e ignora as interseccionalidades em nome de um essencialismo e dogmas derivados dele (de novo, rads). A interseccionalidade é exatamente o que nos permite furar as bolhas identitárias e dialogar entre vários grupos de pessoas que sofrem opressões, para se elaborar estratégias conjuntas e para se manter diversos debates necessários. Sectarismo e chamar as outras pessoas de idealistas, liberais, identitárias e etc, é exatamente o tipo de coisa que faz a extrema direita levar a melhor.