Por Francine Broz Tito.
Ainda sobre o “Porta dos Fundos e a piada com religião ”
Vou contar um fato curioso :
No ano passado (2019) , o desenho South Park fez um episódio de “humor” extremamente transfóbico e hostil com pessoas transexuais.
O nome do episódio é “Board Girls” que é sobre um cara chamado Heather que resolve se “sentir mulher” pra competir no esporte feminino e acaba ganhando facilmente as competições femininas.
O “atleta trans” Heather é um cara barbudo e musculoso , porque é sempre assim que nós mulheres trans somos retratadas no “humor” transfóbico : como homens barbudo que do nada acordam se “sentindo mulher”
Várias atletas trans como a Fallon Fox e a Hannah Moucey se aposentaram do esporte por causa das ameaças de morte que recebiam por competir no esporte feminino e o South Park vai lá e faz um “humor” sobre atletas trans.
Detalhe: o episódio foi transmitido em Novembro de 2019 , que é mês da conscientização trans.
Todo ano nós transexuais comemoramos no dia 20 de Novembro o “dia da memória trans” pra homenagear as pessoas transexuais que tiveram suas vidas interrompidas pela transfobia.
O que isso tem a ver com o Porta dos Fundos fazer piada com religião?
As ativistas trans (vulgo “transativistas”) como a atleta trans ciclista Rachel Mackinnon não foram lá quebrar o studio do South Park.
A Rachel Mackinnon apenas escreveu no twitter que South Park é “humor preguiçoso” e era para ignorarem as piadas transfóbicas do South Park.
Nós “transativistas” que levamos a fama de sermos “violentas” e “intolerantes” que “qualquer coisa saímos censurando”, não fizemos NADA contra o South Park fazendo “humor” transfóbico com a gente.
Diferente dos cristãos que ficaram putos com o Porta dos Fundos fazendo “Jesus Gay”.
E olha que nós “transativistas” temos motivos de sobra pra ir lá no studio do South Park e jogar um coquetel molotov.
Uma vez South Park fez um outro episodio transfóbico e depreciativo com pessoas trans chamado “A Nova Vagina chique de Garrison”
Nesse episodio o Sr Garrison (personagem do desenho) vai ao médico fazer a vaginoplastia e o médico explica o procedimento, só que é mostrado em tom de zombaria, sugerindo que a Vaginoplastia é uma “coisa nojenta”.
No episodio também tem o Kyle (personagem principal) fazendo uma cirurgia pra ficar “negro” que o médico chama de “negroplastia”.
A clássica comparação de transexuais com “brancos que se identificam com negros” e no episódio também tem o pai do Kyle que é “um homem que se identifica com um golfinho”.
Resumindo o episodio, termina com a mensagem transfóbica “Garrison nunca será mulher porque não menstrua e engravida. O médico o transformou numa aberração”.
Mas nem por isso nós ativistas transexuais fomos lá na sede do studio do South Park praticar vandalismo ou bater nos produtores de South Park.
Agora o Porta dos Fundos é alvo de perseguição por causa do “Jesus Gay”.