Por Leo Arrighi.
Olha, eu já vi de tudo nessa internet… É cada grupelho que surge… Aquelas pessoas desocupadas que se unem em torno de odiar alguém ou alguma coisa. Um grupo específico que chama atenção pela sua mediocridade e pelas suas ideias patéticas é a tal da “Frente LGB”. Pra quem tá no meio do ativismo já sabe do que eu estou falando.
Mas como aqui no meu perfil tem muita gente leiga eu vou explicar bem resumidamente. Essa Frente LGB é composta por Gueis e lésbic@s (e aparentemente bissexuais, apesar de eu nunca ter visto nenhum se envolver com essa galera) que se sentem ameaçados com o avanço das políticas de gênero e do reconhecimento das identidades trans. Então eles perseguem, boicotam, descredibilizam todo e qualquer ativismo que não esteja centrado nas suas próprias pautas cisgêneras. E fazem de tudo para atrapalhar e desmobilizar as pautas trans. Eles convergem com o governo, por exemplo, no que diz respeito às fake news sobre a ideologia de gênero nas escolas. E assim como os fascistas, eles vivem a espalhar pânico moral sobre a transgeneridade e as pessoas trans.
Pois bem.
Esta noite depois de muito tempo sem entrar em discussões em redes sociais, para evitar a fadiga, sem querer eu acabei caindo numa discussão com essa galera. Alguém dos meus contatos do facebook postou argumentando que seria hipocrisia da Linn da Quebrada militar agora que o Pedro Bial tratou travestis no masculino já que ela trata gays no feminino.
Eu podia ter ficado de boas? Podia.
Eu podia só ter olhado e ido dormir? Podia
Mas lá fui eu me meter a dizer o quanto aquilo era desonesto. Foi aí que apareceram os amigos dessa pessoa que havia postado e se desenrolou uma discussão enooorme.
Resumindo eu disse que era uma falsa simetria já que faz parte da cultura guei tratar uns aos outros no feminino o que não configura falta de respeito, a não ser que a pessoa não goste e diga. Até porque esse tratamento no feminino só é dado em ocasiões informais, então tecnicamente as pessoas teriam intimidade pra dizer que não gostam de ser tratadas assim. Mas aí chegou um fulano dizendo que não é cultura guei não, que ele e várias outras pessoas não gostam, sim várias pessoas, ele e os 5 amigos heteronormativos dele… E que servem de régua para uma comunidade inteira.
Eu disse a ele então que tenho muito tempo de meio LGBT. Afinal, gente, são quase 20 anos de vivência no meio LGBT, inclusive em outros estados do Brasil. E eu digo com muita tranquilidade que essa prática é comum há muitos anos e no Brasil inteiro. Ou seja, pode ser considerado parte da cultura dos gueis. Pelo que eu sei até fora do Brasil isso é comum. Mas aí o guei machudo disse que tinha mais tempo de meio LGBT que eu querendo dar uma carteirada de tempo de vida pra legitimar a sua opinião. E eu disse que não adiantava dar carteirada de guei idosa. Eu usei a palavra idosa, sem sentido pejorativo. Mas sim, usei o feminino pra dar uma cutucada. Ele ficou ofendidíssimo e os seus amigos começaram a me atacar diretamente.
No fundo esses gueis sofrem de uma misoginia tão internalizada que eles têm verdadeiro horror a serem relacionados a qualquer coisa feminina. Eu tenho a impressão de que gueis assim só são gueis por serem homens hipermisóginos. Eles até usaram o exemplo de gueis que não se sentem confortáveis com esse tratamento porque sofreram bullying na escola na infância sendo chamados de mulherzinha e etc. Se tem uma coisa que eu posso falar com propriedade é sobre isso… Eu passei MUITO bullying mas nem por isso internalizei a misoginia que direcionaram a mim. Cada um lida de um jeito, eu sei. Mas aí é só falar de boa que eu duvido que os gueis vão ficar insistindo nisso individualmente com essa pessoa. Diferente do que acontece com travestis que SISTEMATICAMENTE são deslegitimadas nos seus pronomes não só no cotidiano mas também nos ambientes institucionais. Por isso a postagem inicial era absurda. Porque são questões absolutamente incomparáveis.
O motivo de eu estar contando tudo isso aqui é pra mostrar esse print abaixo, pra que fique BEM claro o tipo de pessoa mau caráter que adere a esse tipo de militância. Olha o nível do comentário que eu recebi e com a conivência do dono da postagem que não se manifestou em nada sobre isso. O cúmulo é alguém achar ok dizer que eu deveria sofrer um assassinato pelas mãos de um serial killer só por causa uma discussão sobre pronome. Em outro comentário ele diz que ainda bem que eu não vou viver muito. É um tipo de piada macabra muito recorrente nesse meio por conta da expectativa de vida de pessoas trans no Brasil ser de 35 anos.