Como o Mercado de Trabalho lida e trata Pessoas Trans e Travestis

Texto de Morrigan Oliveira.

Como o Mercado de Trabalho lida e trata Pessoas Trans e Travestis.

De forma geral, o mercado formal de trabalho não aceita, detesta, é omisso, trata mal, e das piores formas mais desumanas e cruéis, que se possa imaginar todas as pessoas trans.
Eu posso tomar o meu caso por exemplo, sempre que tentava de todas as formas me inserir mesmo que em sub empregos, sempre me davam desculpas sem sentido, diziam que iam ligar, e eu esperava grudada no celular por meses, e nada. Quando morava no interior de Goiás, todas as diárias que chegava a fazer, pois era o que tinha e o que eu encontrava, e olha que de vez em nunca eu chegava a ganhar apenas 15 reais, não me lembro de alguma diária que ganhei mais que isso, isso pra mim é muito desumano mas a necessidade gritava mais alto né, e eu precisava.
Certa vez fiz um anúncio na internet, daí se passaram alguns dias, e um cara me contatou por whatsapp, papo vai papo vem, já parecia contratada e que estaria tudo certo, até ai fui tratada como uma “donzela”, mais à frente acabei soltando que era uma mulher trans, daí a reação do cara foi de ódio, nojo, espanto, raiva, me ofendendo de milhares de injúrias, calúnias, xingamentos, etc, e pasmem tudo isso só por causa da minha identidade de gênero.
Outro caso foi quando fui à uma empresa que “supostamente” me indicaram, chegando lá já fui até a recepcionista entreguei meu currículo, e expliquei tudo à ela, do nada a mulher começou a me tratar de “traveco” dizendo que naquela empresa “viado de peito” não entra, usando outros milhares de termos pejorativos, eu fiquei perplexa, fui reclamar com o “Chefe” dela, e ele fez praticamente o mesmo que a sua suposta subordinada, a diferença é que ele pegou meu currículo e rasgou bem na minha frente, dizendo que “Traveco aidético, que finge ser mulher” não acrescenta em nada na empresa, e simplesmente com o papel rasgado o embolou e o atirou no lixo, além de tudo isso cuspiu no meu rosto.
Saí de lá chorando, e todos da empresa soltando gargalhadas ao ver a cena, fiquei estarrecida sem acreditar no que havia acontecido, e sem contar que nem celular eu tinha para ao menos poder gravar e provar tudo aquilo na época. Ao meu ver enquanto não surgirem políticas públicas, em torno dessa questão de inserção de pessoas trans no mercado de trabalho formal, e punição devida, vão continuar ocorrendo essas discriminações transfóbicas à torto e a direito.
Isso geralmente vem de pessoas inferiores, que de tão doentes só faltam cuspir na nossa cara sem motivo algum, coisa que especificamente comigo já ocorreu.
O único modo ao meu ver, seria criar “COTAS”para pessoas trans serem inclusos e inclusas no mercado de trabalho formal pelo menos, já que estamos às margens dessa sociedade que faz questão de que continuemos lá, já que leis não existem…
A única solução no momento seriam possíveis cotas e com punição severa para qualquer empresa que desacatar tais termos que deveriam ser seguidos. Ou alguma lei severa sancionada contra a discriminação de gênero, e que de praxe funcione, porque portarias do boca à boca, do late à late, de nada adiantam ou sequer resolvem.

Imagem: Weudson Ribeiro/Socialista Morena via Democracia e Mundo do Trabalho em Debate.


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