Dia 22/10 – Dia Internacional de Ação pela Despatologização Trans* e a falta de visibilidade no Brasil

Este post está atrasado. Desde sexta feira corro contra o tempo para conseguir sentar e escrever sobre o dia 22 de outubro, dia marcado pela militância trans* como Dia Internacional de Ação pela Despatologização Trans* [International Day of Action for Trans Depathologization]. O máximo que consegui fazer foi verificar desde sexta no twitter, FB e nos blogs ativistas brasileiros (LGBT’s, políticos esquerdistas, feministas etc.) que sigo, se havia alguma menção à data. Nada. Nem sequer a menção ou referência à algum link externo. Nem nos blogs somente de ativismo trans*. Parece que infelizmente, pode soar eurocêntrico, mas enquanto engatinhamos, a Europa e EUA (e também o Canadá) estão sempre muito a frente quando a questão é militância e ativismo de diversos tipos, não só LGTB e o L, B e T realmente fazem parte da sigla. Fiquei indignada com a total falta de visibilidade, pois o assunto da patologização da transexualidade é muito sério e foi/tem sido amplamente discutido em fóruns e debates acadêmicos em congressos e seminários no Brasil (e não é recente, já fazem anos).

Nada foi mencionado aqui, alias nem o é geralmente em nenhum blog que conheço. O debate que ocorre na esfera acadêmica também não tem grande visibilidade, muito embora existam pesquisador@s com grande prestigio que, inclusive, palestraram no ciclo de debates da parada do orgulho LGBT, como a Dra. Berenice Bento. No entanto, não parece haver nenhum interesse na luta a favor da despatologização das identidades trans* pela militância LGBT, ou eu deveria dizer G, aqui no Brasil. Muito se alardeia quando um@ religios@, deputado, enfim, uma figura pública, se dá a falar “homossexualismo” [sic] e faz comparações da homossexualidade com pedofilia ou então afirma ser ‘mesmo’ uma patologia. Porém a própria militância não tem interesse em se educar em relação as questões trans*, e para além disso, se educar em relação as questões das pessoas com corpos GNC (gender-non-conforming; com gêneros em desconformidade, em tradução livre) pois há em ascensão já fazem décadas movimentos “dissidentes” de pessoas que não se identificam mais como trans* (mesmo trans* sendo usado como um umbrella term), e preferem se identificar por outras denominações que não são excludentes e não convém mais falar em ‘desconformidade do gênero com o sexo’ (a associação de palavras é “desajuste” ou “correção” – o que há de ser ajustado ou corrigido, eu pergunto?) com o sexo sendo como normativamente se acredita (“biológico”), mas uma não-conformidade “geral” em que um ponto de apoio (uma baliza) não existe ou é múltiplo e difuso, de modo que não se possa determinar uma conformidade entre a morfologia e a performance. A Teoria Queer já vem a anos apontando fenômenos de performances de gênero e/ou atos/performances corporais subversivas, isso não é nenhuma novidade.

Porém, para não desfocarmos da luta da despatologização, o ato se dará principalmente ano que vem, (siga este link para o website oficial: STP – Stop Trans Pathologization 2012) pois a OMS e os órgãos psiquiátricos responsáveis irão revisar os textos onde as identidades trans* estão catalogadas como patologia em 2012, e por isso um ato ativista organizado por ativistas europeus e estadunidenses/canadenses ocorrerá na mesma época. Quem sabe até lá os ativistas brasileiros acordaram e resolveram se educar?

Para finalizar, fiquem com o video do website oficial, em português de Portugal:

PS: Até a finalização desse post, só haviam mencionado o dia 22/10 os sites/blogs que eu linkei aqui. Se alguém tiver conhecimento de algum blog brasileiro, por gentileza peço que me informe, pois é muito importante.

PS²: Eu já expliquei o sentido de umbrella term e o asterisco na palavra trans no post anterior. Porém existe agora uma página no blog para a explicação do termo, e toda vez que se fizer referência em algum post haverá pelo menos um link para a página.


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