Texto de Léo Barbosa.
Eu estou a 28 anos sem registro em carteira pq essa sociedade transfóbica não nos aceita.
E durante DÉCADAS a frase que mais ouvi em entrevistas de emprego foi: “Nós não contratamos pessoas como você!”
Eu saia de lá em choque, com minha mente fazendo um monte de interrogações sobre o que era ser “pessoa como eu”, eu tinha as melhores notas, passava nas provas das empresas com louvor e na entrevista pessoal, que era a última, eles/as vinham com essa.
O que era importante para essas empresas e continua sendo é a cisnormatividade, afinal, a minha capacitação profissional não é única, tem mais profissionais com as mesmas, então, eu posso ser dispensável por um que seja Cis.
Passei minha vida sendo dispensável, fazendo o que fosse possível e não o que era capacitado.
Hoje quando vejo as discussões sobre a previdência, me tocam pq penso nos outros, pq a mim esse direito nem existe.
Essa sociedade lutou a vida inteira para cercear todos os meus direitos. Vivo em Estado de exceção desde sempre, e que vale lembrar que enquanto pessoas Cis se distanciam do direito de se aposentar, o Estado não me deu o direito ao trabalho, nem garantiu minha dignidade nas mais diversas áreas.
Ainda estamos lutando pelo direito de ir ao banheiro fazer necessidades fisiológicas no STF, quem sabe no próximo século nós possamos estar lutando pela nossa aposentadoria?