Texto de Victor José.
Existem pessoas que parece que preferem morrer a aceitar que existem seres humanos que não se enquadram dentro do gênero que lhes foi imposto ao nascimento. Parece que vão ter uma crise convulsiva só em ouvir falar em pessoas transexuais. Dizem que isso não é permitido de acordo com certo dogma religioso que resolveram aprovisionar. “Amar o próximo como ele é” deletaram totalmente da mente. Vá entender…
Resolvo olhar comentários de páginas como “O Globo” e sempre me arrependo amargamente. A chuva de transfobia na matéria sobre um casal transgênero, no qual o homem trans gerou o filho, é de doer o juízo.
Qual a dificuldade em entender que um homem transexual tem vagina e um aparelho reprodutor capaz de gerar uma criança?
Qual a dificuldade em entender que existem pessoas cisgêneras, aquelas que se identificam com o gênero atribuído à época do nascimento, e pessoas transgêneras, que não se adequam ao gênero imposto quando ainda eram bebês, ou seja, quando eram incapazes de dizer que não nasceram para agraciar as expectativas da sociedade cissexista?
E é o mesmo comentário batido de sempre, que “menino nasce menino e menina nasce menina”. Convido todas essas criaturas que vivem de se amparar erroneamente na biologia a conhecer as pessoas que nascem com estados intersexuais, pessoas que nascem com agenesia vaginal, pessoas que nascem com útero e testículos, pessoas que nascem com cariótipo 46,XY e fenótipo totalmente feminino. Vão chamar essas pessoas de “aberração” também? Informo que assim elas nascem, não podem escolher. É a maior crueldade do mundo tratar essas pessoas como se fossem meros dados de artigos científicos e anomalias. Assim como é criminoso destratar pessoas porque elas não têm a identidade de gênero sonhada pela sociedade cisnormativa.
Sinceramente, desisto de perder meu tempo tentando entender quem vive de se incomodar com a identidade de gênero de fulano ou sicrano.
Imagem: NLucon.