SOBRE AÇÕES AFIRMATIVAS E O ACESSO DE PESSOAS TRANS NA PÓS-GRADUAÇÃO
Texto de Gustavo Passos.
Pessoal, nos últimos meses eu tenho divulgado a criação de reserva de vagas como ação afirmativa para pessoas negras, com deficiência, quilombolas, indígenas, travestis e transexuais.
Bom, as inscrições ocorreram e eu não podia estar mais orgulhoso com o resultado. Foram 91 candidatas/os escritas/os para a reserva de vagas sendo 62 autodeclaradas/os negras/os, 5 indígenas, 5 quilombolas, 17 pessoas com deficiência e DUAS PESSOAS TRANS.
No tangente às inscrições das pessoas trans, 2 autodeclarações podem parecer pouca coisa, entretanto, algumas informações devem ser levadas em consideração.
O PPGEdu da UFRGS existe desde 1972, sendo que desde 1990 o GEERGE (grupo de pesquisa fundado pela Prof. Guacira Lopes Louro) tem se preocupado em investigar a interface entre gênero, sexualidade e educação. Com o fortalecimento do grupo de pesquisa, foi criada uma linha de pesquisa exclusiva para temas acerca de educação, sexualidade e relações de gênero.
Mesmo considerando todos esses elementos que, de alguma forma, tornariam o PPGEdu da UFRGS acolhedor para a população de pessoas trans, em toda a história da nossa pós-graduação formamos apenas uma única mestra. O sentimento é ambivalente. Afinal, se por um lado ter formado a primeira pessoa trans no PPGEdu é algo a se comemorar, por outro esse número escancara a seletividade da academia.
O primeiro edital de reserva de vagas sozinho já pode proporcionar a superação do número de pessoas trans a cursar a pós-graduação em educação da UFRGS, o que eu considero um acontecimento histórico. Acredito que fazer essa relação da a ver a importância das ações afirmativas na garantia do pluralismo democrático que deve ser a marca dos espaços educacionais.
Quero agradecer muitíssimo a quem divulgou o edital e dizer que eu me sinto muito feliz em ter feito parte desse processo.
Beijos e abraços.